Em um evento realizado na Escola de Saúde Pública de Salvador (ESPS), a prefeitura da capital baiana apresentou a Carteira para Pessoas com Fibromialgia. A criação deste documento busca facilitar o atendimento preferencial em diversos serviços e dar respaldo ao cidadão e sua condição. A ação foi realizada em alinhamento com a campanha Fevereiro Roxo, que busca conscientizar a população sobre a doença.
A fibromialgia é uma condição de dor muscular generalizada e crônica, que dura mais de três meses, mas que não apresenta evidência de inflamação nos locais de dor, segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia. Essa doença muitas vezes é invisível e este ato é um marco importante na história do município, pois dá visibilidade a essa condição.
A solicitação da carteira será feita através de um portal na internet onde, além de dar entrada, também será possível acompanhar o andamento do processo. O serviço online busca dar comodidade ao cidadão, tornando o processo mais acessível e prático.
A vice-prefeita e secretária municipal da Saúde, Ana Paula Matos, explicou que a carteira é um passo na construção de uma política pública concreta e efetiva que está sendo construída para atender o público. “É uma forma de dizer eu existo, tenho essa doença, me enxerguem. A gente fez um processo de capacitação dos servidores e hoje representa mais do que entregar a carteirinha. É ter um plano de atenção municipal às pessoas com fibromialgia. Esse trabalho é um processo que vem sendo construído com escuta e proximidade”, declarou.
A gestora também ressaltou a importância de falar do grupo que vive em sofrimento diário e sofre com diversos estigmas sociais e falta de acolhimento na sociedade. “É importante que seja nesse momento, Fevereiro Roxo, onde a gente discute no Brasil e mundo as questões do Alzheimer, lúpus e, em especial, da fibromialgia, que por muitas vezes as pessoas não enxergam nem reconhecem”, concluiu.
Georgina Santana, que convive com a doença há duas décadas, expressou seu agradecimento pela iniciativa da prefeitura. “Infelizmente a população não conhece ou faz de conta que não vê. O nosso dia a dia é muito cansativo e quanto mais as pessoas tomarem consciência e houver divulgação do assunto, vai ser melhor para haver respeito por nós. Só assim a gente vai ter um pouco mais de tranquilidade, porque a gente levanta e dorme sentindo dor”, contou.
Silvia Ribeiro, representante da Associação de Pessoas com Fibromialgia, Familiares e Amigos do Município de Salvador (AFIBS), falou sobre a importância deste momento para o público soteropolitano. “Só a gente sabe a representatividade desse momento. É mais do que receber o reconhecimento pela doença que é séria, incapacitante e que por muito tempo foi estruturada de uma forma invisibilizada, invalidada e negligenciada. Essa carteirinha não apenas concede o direito preferencial nas filas, ela simboliza o reconhecimento da doença pelo SUS”, afirmou.
O evento contou também com a presença da diretora de Políticas Públicas para Pessoas com Deficiência (UPCD), Daiane Pina, a promotora de Justiça Maria Pilar, que atua na área da pessoa com deficiência, representantes de entidades, pessoas com fibromialgia e outras autoridades municipais.