Anvisa suspende testes com Coronavac e Bolsonaro comemora que ‘ganhou’ de Dória

Nesta segunda-feira (9), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) suspendeu os testes da Coronavac no Brasil. O imunizante está sendo desenvolvido pelo laboratório chinês Sinovac, numa parceria com o Instituto Butantan. Porém, os ensaios clínicos foram interrompidos após a morte de um voluntário. A notificação da pausa foi dada no dia 29 de outubro […]

Nesta segunda-feira (9), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) suspendeu os testes da Coronavac no Brasil. O imunizante está sendo desenvolvido pelo laboratório chinês Sinovac, numa parceria com o Instituto Butantan. Porém, os ensaios clínicos foram interrompidos após a morte de um voluntário. A notificação da pausa foi dada no dia 29 de outubro de 2020 por causa de “evento adverso grave”.

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O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou que a fatalidade não está relacionada à vacina. Mas a notícia foi o suficiente para acirrar a rixa entre o presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Dória, responsável pela aliança com a empresa chinesa. Em suas redes sociais, respondendo um comentário, Bolsonaro publicou que “ganhou mais uma”.

Bolsonaro fala sobre a pandemia

Em seu perfil oficial do Facebook, o presidente expôs as ações tomadas pelo governo para o combate ao coronavírus. No post, ele escreveu “O ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, e o presidente Jair Bolsonaro trabalham, desde fevereiro, ao lado da ciência, no combate à covid-19”.

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Ainda citou a importação de ventiladores pulmonares e estudos sobre o uso da nitazoxanida no tratamento precoce contra a COVID-19. Ao ser questionado acerca da vacina, ele respondeu “Morte, invalidez, anomalia. Esta é a vacina que o Dória queria obrigar a todos os paulistanos tomá-la. O Presidente disse que a vacina jamais poderia ser obrigatória. Mais uma que Jair Bolsonaro ganha”.

A publicação trazia três possíveis efeitos listados pela Anvisa anteriormente e ainda relembrava discussão com Dória no início da pandemia. O governador de São Paulo é
a favor da Coronavac e da obrigatoriedade da vacinação. Por isso, se tornou alvo de muitas críticas dos seguidores de Bolsonaro e do próprio presidente.

Coronavac está na fase três de testes

Antes de ser suspensa, a Coronavac estava entrando na terceira fase de testes que seria a última a determinar a eficácia da vacina. Para testar o funcionamento, os voluntários seriam divididos em dois grupos. Metade tomaria um placebo e a outra metade receberia a vacina, sendo expostos ao vírus e monitorados.

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Além do Brasil, os ensaios clínicos também estavam acontecendo na China, na Turquia, em Bangladesh e na Indonésia. Aqui, a interrupção foi anunciada na mesma data em que Dória divulgou a chegada do primeiro lote em São Paulo. Segundo o governador, o imunizante estaria na capital paulista no dia 20 de novembro de 2020. Contudo, ainda necessitaria da aprovação da Anvisa.

Apesar das críticas em cima da Coronavac, por ser uma vacina chinesa, a suspensão de testes é algo comum. Especialmente, quando algum efeito adverso é identificado. A pausa é necessária para esclarecer o que está acontecendo. O imunizante que está sendo estudo em Oxford, numa parceria com o laboratório Astrozeneca, também passou por interrupção de quatro dias. Isso aconteceu porque um voluntário teve sintomas de mielite transversa.

Mais tarde, um voluntário brasileiro acabou morrendo por complicações do coronavírus. A pessoa em questão havia recebido apenas o placebo. Em relação à vacina do Reino Unido, a Anvisa recomendou que os estudos fossem retomados. Já sobre a Coronavac, será realizada uma investigação médica para definir se a vacina teve alguma influência no falecimento do voluntário.

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