Um estudo antropológico feito em diversas comunidades chinesas revelou que, de fato, é possível saber quem trabalha mais em casa: as mulheres. Os resultados da pesquisa foram divulgados pela revista Current Biology e nos ajudam a entender melhor as dinâmicas de trabalho relacionadas ao gênero de cada indivíduo, mesmo que em sociedades culturalmente diferentes.
Para entender melhor como a carga de trabalho acaba sendo muito mais pesada em um gênero do que em outro, os cientistas avaliaram relacionamentos heterossexuais e, a partir disso, buscaram entender como as mulheres tinham a carga de trabalho aumentada depois que iam morar com o cônjuge.
Segundo a equipe de pesquisadores, o fato de sair de uma cidade para entrar em uma família nova, e sem familiares por perto, é uma desvantagem para as mulheres, especialmente quando pensamos em negociações.
No mundo todo, o mais frequente é que as mulheres saiam de perto de suas famílias para, então, criarem famílias com seus companheiros. Os homens, por sua vez, tendem a permanecer no mesmo grupo familiar, em um fenômeno que foi chamado de patrilocalidade.
O trabalho depois do matrimônio
Mais de 500 pessoas foram entrevistadas pelos pesquisadores. Nessas conversas, elas falaram a respeito do casamento em si e também aceitaram usar um aparelho capaz de medir seus níveis de trabalho e atividade física ao longo do dia.
Os resultados desse monitoramento revelaram algo que não causa espanto: as mulheres, de fato, trabalham muito mais do que os homens e, justamente por isso, acabam contribuindo mais para que as famílias tenham frutos e bens.
Em termos de atividade física, as diferenças foram consideráveis. As mulheres, por exemplo, andam mais de 12 mil passos ao longo do dia. A marca dos homens é bem menor, e fica na média de 9 mil passos diários.
Os pesquisadores também conseguiram comprovar que os homens dedicam muito mais tempo a atividades sociais e de lazer, além de terem mais tempo também de descanso ao longo dos dias.
Para os cientistas, a explicação para essas diferenças pode ter um motivo biológico, já que as mulheres, geralmente, têm menos força física do que os homens.
O único fator que parece ser equivalente em ambos os gêneros tem relação com mudanças de cidade natal. Nesse aspecto, não importa se for homem ou mulher, mas a pessoa que mudou de município depois de se casar tende, no fim das contas, a trabalhar bem mais do que o cônjuge.
Assim, segundo os cientistas, a igualdade de gênero em termos de distribuição de trabalho acontece apenas nos casos em que os homens saem de suas cidades de origem e mudam para a cidade onde a esposa e a família da esposa residem.
Dados do IBGE
No Brasil, dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que as mulheres do país trabalham o dobro do que os homens em relação aos serviços domésticos, que incluem atividades como cozinhar, limpar a casa e lavar louça.
Em média, as mulheres brasileiras gastam 21,3 horas por semana para cuidar da manutenção de suas casas. Os homens, por outro lado, passam apenas 10,9 horas por semana fazendo os mesmos serviços.