A sinestesia é uma condição neurológica que causa uma mistura de sentidos, e cuja causa ainda é desconhecida. Graças a ela, o cérebro humano passa a interpretar de formas distintas os sinais que são captados pelo sistema sensorial, causando uma sobrecarga nos sentidos.
Acima de tudo, não é considerada uma doença mental, porque decorre de uma disfunção no sistema nervoso que leva a uma falha na interpretação dos estímulos externos. Atualmente, estima-se que 1 a cada 2 mil pessoas no mundo têm percepções sensoriais sinestésicas. Saiba mais a seguir:
Conheça a sinestesia
Como citado anteriormente, a sinestesia é um processo involuntário associado ao cérebro humano. Em relação às causas, os especialistas conseguem apontar a questão hereditária, mas também mapearam que é mais comum que mulheres e pessoas canhotas manifestem esse fenômeno.
A etimologia da palavra parte do grego synaísthesis, através da junção dos vocábulos syn, que significa união, e esthesia, que significa sensações. Por isso, pode-se resumir a sinestesia como uma união de sensações ou sentidos.
Curiosamente, a sinestesia foi descrita pela primeira vez no ano de 1690, quando John Locke relatou o caso de uma pessoa cega que percebeu um objeto vermelho a partir do som de uma trompa. Entretanto, o primeiro caso registrado de um indivíduo com diagnóstico de sinestesia aconteceu somente em 1922, com uma criança de 4 anos.
Por conta da sinestesia, há uma sobrecarga das funções neurais que desencadeiam algumas consequências. Neste caso, há um estímulo da memória, conexões neurais distintas e raciocínio difuso. No geral, inúmeros artistas, escritores, intelectuais e músicos tentam estimular a experiência sinestésica para criar obras melhores.
Apesar disso, os estudos sobre a sinestesia são muito recentes, e não há material suficiente para entender suas características. Mais ainda, não existem testes que comprovem de maneira assertiva se um indivíduo é sinestésico ou não.
Em algumas pesquisas, são utilizados testes para medir a velocidade das respostas ao longo do tempo quando uma pessoa é exposta a diferentes estímulos. Porém, esse tipo de aplicação é mais comum para identificar problemas cognitivos, dificuldades de aprendizagem e enfermidades neurológicas.
O que significa ser sinestésico?
Basicamente, uma pessoa sinestésica convive com o que a figura de linguagem com esse mesmo nome descreve como uma expressão em que diferentes sensações são percebidas por diferentes órgãos do sentido. Na Língua Portuguesa, é comum usar frases como “a verdade foi amarga e dura”.
Nesse caso, a pessoa descreve um acontecimento com palavras relacionadas ao paladar e ao tato, ainda que a verdade em questão esteja num campo mais simbólico. Portanto, a sinestesia como figura de linguagem é uma forma de associação entre elementos, passando pelo campo dos sentidos.
Por sua vez, a pessoa sinestésica consegue ouvir uma cor, enxergar um som ou até mesmo sentir um sabor específico quando encosta em algo texturizado. De acordo com os especialistas, isso acontece porque o caminho dos estímulos em quem tem sinestesia não obedece a ordem natural dos cinco sentidos.
O que a Ciência diz sobre isso?
Uma das definições mais iniciais sobre sinestesia foi cunhada pelo doutor GTL Sachs para a revista Autismo Molecular. Para ele, esse fenômeno consiste em uma capacidade de perceber as coisas com vários sentidos ao mesmo tempo, interpretando-as para além dos primeiros pontos de contato.
Ademais, estudos científicos realizados na Universidade do Canadá, pela pesquisadora Daphne Maurer, apontaram que os bebês menores de 4 meses de vida são sinestésicos. Em resumo, isso é uma consequência do cérebro humano ainda estar se formando, de modo que a percepção dos sentidos seja aglutinada nesse meio tempo.
Como consequência, as crianças respondem de maneiras diferentes aos estímulos, seja chorando por conta de uma luz brilhante ou sentindo fome por causa de uma música.
As investigações recentes estão centradas em compreender a relação da sinestesia com o autismo e a epilepsia. Em alguns grupos, foram percebidos fenômenos sinestésicos com pacientes em tratamento, especialmente com crianças e adolescentes.