O transtorno do espectro autista (TEA) é um tipo comum de neurodivergência. Como o próprio nome sugere, existe um espectro, por isso alguns autistas, com base na necessidade de suporte, são considerados TEA grau 1, grau 2 ou grau 3.
Não existe uma regra a respeito das características de cada pessoa autista, até mesmo porque é comum que, além do diagnóstico do autismo, as pessoas também se enquadrem em outros tipos de neurodivergência, como a superdotação (SD) ou o transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH).
O diagnóstico do autismo pode ser feito por alguns profissionais, como psicólogos, psiquiatras e neurologistas especializados no assunto. A análise feita por esses profissionais costuma observar alguns pontos específicos, tais como:
- Atraso na fala;
- Dificuldade em manter contato visual;
- Sensibilidade auditiva;
- Seletividade alimentar;
- Reprodução de stims (movimentos repetitivos e que servem para regulação emocional);
- Ecolalia;
- Hiperfoco;
- Sensibilidade tátil;
- Dificuldades de interação social.
Sensibilidade auditiva
É muito comum, especialmente em crianças autistas, que ruídos fortes ou repetitivos, como o barulho do aspirador de pó ou do liquidificador, desencadeiem crises sensoriais. Isso acontece porque, geralmente, as pessoas autistas são mais sensíveis ao barulho e, por isso, precisam recorrer a terapias e ao uso de abafadores de ruídos.
Um episódio da série “Atypical”, da Netflix, aborda o assunto de forma bem didática. Na ocasião, o personagem Sam, que é autista, consegue ir ao baile de formatura da escola porque os colegas organizaram um evento inclusivo, com o uso de fones de ouvido e não da música alta.
No Brasil, um caso ficou famoso recentemente, quando Cristiano Calheiros, pai de uma criança autista, publicou um vídeo nas redes sociais no qual podemos ver o impacto que uma série de fogos de artifício causou em seu filho, que tem sete anos.
Os fogos, disparados durante um evento político, causaram uma crise no garoto, que se desesperou com o barulho alto. A reação é bastante comum em pessoas autistas, que têm alterações sensoriais e podem sofrer com barulhos intensos e repetitivos.
Em algumas cidades do país, já há legislação específica que proíbe o uso de fogos de artifício com barulho. Além das pessoas autistas, crianças pequenas, idosos e cães também sofrem com barulhos altos demais.
O que fazer em caso de crise?
As crises em pessoas autistas podem acontecer de duas maneiras. Uma delas é o shutdown, que é quando a pessoa fica calada e sem esboçar reação por longos períodos de tempo. A outra crise é o meltdown, que acontece quando a pessoa se desespera e perde o controle das próprias ações, podendo se machucar, inclusive.
O acompanhamento terapêutico é essencial. Em alguns casos, fazer psicoterapia já é o suficiente, mas, em outros, pode ser necessário o acompanhamento de outros profissionais, como terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos.
O uso de abafadores de ruído e objetos que trazem conforto, como os famosos pop-its e stim toys, também é recomendado para a regulação emocional das pessoas autistas.