Nesta quarta-feira (16/12), o governo federal anunciou o plano nacional de vacinação contra a COVID-19. Nele, o Ministério da Saúde apontou quais vacinas serão utilizadas, as primeiras fases de imunização e os gastos previstos até aqui.
Apesar da divulgação do plano, nada foi falado sobre o cronograma oficial de imunização. Isso quer dizer que o Brasil ainda não tem uma data de início de vacinação.
Vale registrar que o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, estavam presentes no evento, realizado em Brasília, sendo que ambos estavam sem máscaras. Outras autoridades também estavam presentes e algumas utilizavam o equipamento.
Vacinas e campanhas
Segundo o governo, o plano está dividido em dez eixos e até aqui 300 milhões de doses estariam disponíveis. No entanto, a conta do Ministério da Saúde utiliza 70 milhões de doses que ainda precisam ser negociadas com a Pfizer.
Em contraste, a vacina da AstraZeneca/ Oxford terá 100,4 milhões de doses até julho de 2021. O governo também tem acordo com a Covax Facility para 42,5 milhões de imunizantes.
Um dos temas mais polêmicos é em relação à Coronavac, vacina produzida pelo laboratório chinês Sinovac Biontech em parceria com o Instituto Butantan de São Paulo. O imunizante foi escolhido pelo governador paulista, João Dória, para ser distribuído para a população. O Estado de São Paulo já confirmou que utilizará a vacina e que a campanha de imunização começará em 25 de janeiro de 2021.
O governo falou que todas as vacinas precisarão ter a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em clara referência à disputa com o governo paulista.
Também foi informado que haverá campanhas para conscientizar a população para a importância da vacinação. A primeira fase falará sobre como é feito o desenvolvimento da vacina e a sua aprovação.
A segunda parte será dedicada ao cronograma, instruindo os dias de imunização, quem será vacinado e os locais onde haverá distribuição. Essa parte só ocorrerá quando uma vacina estiver disponível para o país.
Grupos prioritários
Segundo o Ministério da Saúde, o plano nacional de vacinação terá quatro fases iniciais, denominado de grupos prioritários. A primeira será para profissionais de saúde, idosos acima de 75 anos, comunidades ribeirinhas e indígenas. A segunda tem como intenção imunizar cidadãos entre 60 e 74 anos.
A terceira etapa será para quem tem algum tipo de comorbidade e a quarta irá para profissionais de segurança pública e sistema prisional, professores e quilombolas. Todavia, esta etapa dependerá da quantidade de imunizantes disponíveis.
Sendo assim, espera-se que cerca de 50 milhões de pessoas sejam vacinadas nas quatro primeiras fases do plano de vacinação.
Como será a logística de vacinação contra a COVID-19
De acordo com o Ministério da Saúde, o Sistema Único de Saúde (SUS) servirá de base para a distribuição e aplicação gratuita da vacina contra a COVID-19. Haverá um plano que envolverá o recebimento e armazenamento do imunizante. Os insumos serão distribuídos conforme o esquema elaborado pela pasta.
O principal local de distribuição será o Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo. O local servirá de base para todo o país. O Ministério da Saúde fechou parceria com a empresa VTC Logística que possui um galpão em Guarulhos e em outros lugares como Brasília, Rio de Janeiro e Recife.
Para estados que fiquem a até 1.400 km de Guarulhos (Santa Catarina, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Goiás, Distrito Federal, Rio Grande do Sul, Minas Gerais) o transporte será por terra, via rodovias.
O governo também informa já ter acordos firmados com companhias aéreas, como Latam e Azul, além de outras empresas de carga aérea, para o transporte até as capitais da região Norte do país. Pelo plano, a frota será rastreada 100% por satélite e a segurança do transporte, em determinadas situações durante o deslocamento, ocorrerá por conta da União.
Gastos com a vacinação
Conforme o governo federal, R$ 1,9 bilhão já foram empregados na compra 100,4 milhões de doses da vacina da AstraZeneca desenvolvida em parceria com a Universidade de Oxford, no Reino Unido. O acordo do governo com o laboratório ainda prevê um repasse de conhecimento tecnológico para que a vacina seja produzida aqui no Brasil pela Fiocruz.
Além disso, foi informado que R$ 2,5 bilhões devem ser destinados para que o Brasil faça parte do Consórcio Covax Facitity, adquirindo mais 42 milhões de doses.
O país também investirá R$ 177,6 milhões na modernização dos Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIEs), naquilo que ficou conhecido como Rede de Frio.
Por fim, na parte de orçamento, foi anunciado que foram compradas mais de 300 milhões de seringas e agulhas para a aplicação do imunizante ao custo de R$ 62 milhões.
Bolsonaro reconheceu impactos da pandemia
Além da apresentação feita por Pazuello, o presidente Jair Bolsonaro falou sobre a pandemia e seus impactos. Ele afirmou que é o momento de união contra o vírus.
“Realmente, nos afligiu desde o início. Não sabíamos o que era essa vírus, como ainda não sabemos em grande parte, doutor Caiado [governador de Goiás]. E nós todos, irmanados, estamos na iminência de apresentar uma alternativa concreta para nos livrarmos desse mal”, disse Bolsonaro.