Antes de falarmos sobre a invenção da planta que brilha no escuro, é importante compreender como o fenômeno normalmente funciona. Afinal, você sabia que a bioluminescência é responsável por emergir luz nas profundezas do oceano e permite que os vaga-lumes iluminem o breu nas noites do mundo afora?
A característica homoplástica está interligada nos genes de diversos organismos vivos, como invertebrados, fungos e insetos. No entanto, isso não acontece com plantas no ambiente terrestre… Bem, ao menos não acontecia antes.
Cientistas russos extrapolaram os limites da ficção científica ao criar uma planta que brilha no escuro. Todos os procedimentos foram liderados por Karen Sarkisyan e Ilia Yampolsky. Ambos pertencem à equipe da Academia Russa de Ciências, sendo que a atuação também contou com a parceria da startup “Planta” e de institutos científicos de outros países.
Problemas em pesquisas anteriores: cientistas já haviam criado uma planta que brilha no escuro
Sim, não estamos redigindo uma sinopse de filmes de fantasia e, sim, de um estudo publicado na revista Nature Biotechnology. Os pesquisadores já haviam alterado os genes para criar organismos que brilham por todo o ciclo de vida, usando características bioluminescentes de bactérias ou nanopartículas.
Contudo, uma série de problemas impediu que a experiência pudesse ir adiante. Isso porque as plantas tinham brilho mais forte do que o recomendado e sofriam toxicidade. O grande diferencial do recente estudo diz respeito à superação desses equívocos no percurso.
Conforme detalhes publicados na revista, as plantas de tabaco foram modificadas com o objetivo de incorporar genes de cogumelos bioluminescentes. Elas crescem 12% a mais do que outras espécies e brilham uma luz esverdeada durante todo o ciclo de vida.
“Trinta anos atrás, ajudei a criar a primeira planta que brilha no escuro usando um gene de vaga-lume”, disse Keith Wood. Ele é um dos colaboradores do estudo recente, além de ser CEO da empresa Light Bio, especializada em plantas ornamentais domésticas. “Essas novas plantas podem produzir um brilho muito mais intenso e constante, que está totalmente incorporado ao seu código genético”.
Aperfeiçoamento de outros estudos
Os pesquisadores destacam que a técnica poderá ser usada como embasamento na compreensão de ainda mais processos naturais dos organismos.
Até porque, no ano de 2008, dois cientistas norte-americanos e um japonês receberam o prêmio Nobel de Química pela descoberta da proteína que faz com que células, tecidos e órgãos pareçam brilhantes.
Essa proteína, denominada “GFP”, está presente em uma água-viva da espécie Aequorea victoria. Dessa maneira, o estudo recente tem o potencial de alavancar o conhecimento que já temos sobre o assunto.
“No futuro, essa tecnologia [planta que brilha no escuro] pode ser usada para visualizar atividades de diferentes hormônios dentro das plantas, de forma não-invasiva. Também poderá ser usada para monitorar a resposta das plantas aos estresses ou mudanças no ambiente”, argumenta Sarkisyan ao The Guardian.