Mesmo nas noites mais escuras, o noroeste do Oceano Índico e a Indonésia brilhavam por conta própria depois de irradiar um estranho brilho marítimo. Centenas de marinheiros viram este evento, mas apenas um navio de pesquisa descobriu esse fenômeno bioluminescente que, até então, fugia às explicações.
A primeira ocorrência do fenômeno ‘mar leitoso’ foi documentada por ninguém menos que Charles Darwin na década de 1830. Durante sua viagem de cinco anos a bordo do HMS Beagle, Darwin testemunhou o fenômeno na América do Sul.
Agora, uma nova ocorrência dos “mares leitosos” foi capturada em câmera pela primeira vez, em 2019, por um iate navegando no leste do Oceano Índico. Os membros da tripulação a bordo do Ganesha estavam navegando pelo oceano, quando notaram que o mar ao redor deles ficou branco e era como se estivessem “navegando na neve”.
Monitoramento por satélites
O registro da tripulação do Ganesha é apoiado por Stephen Miller, professor de ciência atmosférica, que publicou uma lista de potenciais mares leitosos de 2012 a 2021. Uma dessas ocorrências foi ao sul de Java, na Indonésia, no verão de 2019.
Neste período, ele descobriu 12 possíveis mares leitosos. Esta informação revelou que os eventos podem durar vários dias ou semanas e frequentemente ocorreram em conjunto com monções locais e florações de algas.
O que causa o fenômeno?
Os mares leitosos são causados por bactérias bioluminescentes raras que emitem uma luz branca. As teorias atuais preveem que esse brilho raro pode ser devido a uma relação saprófita (alimentando-se de matéria orgânica em decomposição) entre bactérias luminosas e uma espécie de microalga que se reproduz em grande escala.
Ainda não foi resolvido o mistério do que causa o brilho branco, que aparentemente se comporta de maneira oposta a outras bioluminescências.
De qualquer forma, essa confirmação de que os mares leitosos podem de fato ser captados por imagens de satélite significa que estudá-los e desvendar seus mistérios será mais fácil no futuro.