Você provavelmente conhece uma pessoa que pratica atividades físicas regularmente ou que faz algum acompanhamento médico constante, como é o caso dos diabéticos e hipertensos. Da mesma forma que entendemos que essas medidas nos ajudam a manter a boa saúde, deveríamos enxergar na psicoterapia um mecanismo de cuidado igualmente importante.
Para conversar a respeito de alguns mitos relacionados à terapia psicológica, a equipe do Tudo Bahia conversou com a psicóloga hospitalar Ketlin Monteiro Felipe de Oliveira. Pedimos para que ela comentasse alguns mitos muito comuns em relação à psicoterapia:
Quem vai ao psicólogo é louco ou tem problemas mentais
Ketlin nos explica que a psicoterapia é indicada para todas as pessoas, mesmo sem qualquer diagnóstico de doença mental: “A psicoterapia não é indicada apenas para pessoas que tenham alguma psicopatologia, mas para todos aqueles que precisam de um espaço de escuta, acolhimento e reflexão; para todos aqueles que estão passando por momentos difíceis ou estão confusos quanto aos seus pensamentos e sentimentos”.
O psicólogo vai me dar conselhos e resolver meus problemas
Eis outro mito comum. A verdade é que o papel do psicólogo não é o de dar conselhos ou sugerir meios para que o paciente resolva seus problemas.
De acordo com Ketlin, “o ambiente psicoterapêutico proporcionará um espaço de escuta e reflexão, de compreensão e nomeação de sentimentos, atitudes e pensamentos, auxiliando no processo de solução dos problemas. Porém, essa solução é sempre uma construção do próprio sujeito, sendo apenas favorecida pelo processo psicoterapêutico”.
O psicólogo só escuta
Precisamos entender que o psicólogo é um profissional treinado e que exerce a chamada escuta qualificada. Isso significa que ele consegue analisar não apenas o que a pessoa fala, mas a maneira como se expressa.
Segundo Ketlin, “ao longo das sessões o psicólogo também se utiliza de outras técnicas e intervenções, visando favorecer o andamento do caso de acordo com os objetivos elencados pelo indivíduo. Estas intervenções variam de acordo com a abordagem utilizada pelo psicólogo para orientar seu trabalho”.
Quem tem um bom amigo não precisa de psicoterapia
Lembra que falamos acima a respeito da escuta qualificada? Por mais que o seu amigo esteja preocupado com você, ele não tem qualificação para reconhecer sinais específicos e importantes para a terapia.
Além disso, na Psicologia é antiético tratar amigos e familiares, então mesmo que seu amigo fosse, de fato, psicólogo, ele não deveria ser o seu psicoterapeuta.
Ketlin explicou também que “um desabafo ou confidência com um amigo, por mais satisfatório ou reconfortante que seja, não cumpre a mesma função nem produz os mesmos efeitos que uma escuta exercida por um psicólogo num contexto de psicoterapia”.
Esperamos que essa conversa tenha ajudado você a entender melhor o que é a terapia e como funciona o processo terapêutico.