Que a alegria é contagiosa, todo mundo sabe, mas a história que você vai conhecer agora vai muito além de qualquer momento de felicidade. Tudo começou em 1518, na cidade francesa de Estrasburgo, quando uma moça que vivia sozinha saiu de sua casa e começou a dançar sem parar, por dias seguidos, no meio da rua.
Não fosse isso curioso o suficiente, algumas pessoas começaram a se unir à dançarina incansável e, mais ou menos uma semana depois, dezenas de pessoas faziam parte dessa epidemia de dança, ocasionando angústias intensas em quem assistia e também em quem dançava.
Era como se todos estivessem sob efeito de algum tipo de magia, embora esse evento não tenha nada de sobrenatural, mas sim psicológico.
Histeria coletiva
A coisa foi tão séria e comentada na época que alguns médicos se uniram para tentar explicar o acontecido. O diagnóstico de então era algo como “pessoas com cérebro superaquecido”. Para os especialistas, o ideal era que todo mundo continuasse dançando sem parar até que a “doença” acabasse.
O problema é que, como dá para imaginar, dançar sem parar durante dias é uma atividade bastante intensa e, por isso, algumas pessoas chegaram a morrer de exaustão física e mental.
Essas mortes acabaram trazendo outro diagnóstico: o da “ira sagrada”. Com cunho religioso, médicos e pessoas comuns começaram a afirmar que, na verdade, aquilo deveria ser alguma espécie de castigo divino. Alguns dos sobreviventes foram encaminhados, inclusive, para um santuário católico, para fazer um tratamento cristão.
Depois de alguns dias, o surto de dança chegou ao fim e as pessoas começaram, aos poucos, a voltar para as suas rotinas.
O caso foi discutido por muito tempo, e a hipótese mais provável e aceita hoje é a de que tudo foi uma grande histeria coletiva, que é quando um grupo de indivíduos passa a apresentar comportamentos semelhantes simultaneamente.
Vale lembrar que, há 500 anos, a França passava por um período delicado com muitos conflitos religiosos, sociais, econômicos e problemas de saúde, além, claro, do cenário generalizado de miséria.
Todos esses fatores podem impactar fortemente o estado de saúde mental das pessoas, que chegavam a achar que Deus estava se vingando da humanidade.
Mais alguns casos de histeria coletiva ocorreram ao longo dos anos, mas esse episódio, em especial, é um dos mais estudados até hoje. Ele é uma maneira também de entendermos como os aspectos culturais e sociais podem influenciar no psicológico das pessoas.