Os polvos são um invertebrado molusco pertencente a ordem dos Cephalapodes. Eles têm seu comportamento largamente estudado por apresentar um sistema nervoso bastante complexo, sendo inclusive considerado, por muitos, como o invertebrado mais inteligente do planeta.
Os polvos também chamam atenção por apresentar diversas características peculiares como a capacidade visual de diferenciar a polarização das cores, de lançar um jato de tinta escura para proteger-se de seus predadores e também de mudar de cor conforme o local em que se encontram. Esta última capacidade se deve à presença de células especiais em sua pele, conhecidas como cromatóforos.
No entanto, os polvos não mudam de cor somente de acordo com o local em que se encontram, mas também enquanto dormem. Para buscar o motivo pelo qual ocorre essa mudança de cor durante o sono do animal, pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte conduziram estudos, os quais foram posteriormente publicados na revista iScience.
Por meio dos estudos, os pesquisadores descobriram que os polvos passam por dois estágios diferentes durante o sono, semelhantes ao dos humanos, podendo até sonhar.
O primeiro e mais longo estágio do sono dos polvos consiste em um “sono quieto”, momento em que o animal se mantém estático, ou seja, a pele pálida e as pupilas fechadas. Já o segundo estágio, chamado de “sono ativo”, é quando há uma mudança dinâmica na cor e textura da pele do animal, além disso, os olhos se movem e as ventosas do corpo se contraem.
Esse segundo estágio recebeu destaque dos pesquisadores pela sua semelhança a fase de sono profundo ou REM comum em mamíferos, répteis e aves. Nesta etapa, os olhos se movimentam rapidamente, ocorre alterações nas frequências respiratória e cardíaca e os sonhos vívidos acontecem.
Devido às semelhanças entre o estágio 2 do sono dos polvos e a fase REM, o estudo permite sugerir que os polvos podem realmente estar sonhando. No entanto, vale notar que caso o animal sonhe de fato é provável que não tenham nesses sonhos enredos e sentidos simbólicos complexos como os dos humanos.