A Antártida é a casa de 70% de toda a água doce do planeta e de 90% do nosso gelo, mas o ritmo de degelo está crescendo muito rápido, tendo triplicado nas últimas três décadas. Por isso, precisamos correr para compreender o regime hidrológico do continente e tentar controlar alguns efeitos das mudanças climáticas.
Para colaborar nessa busca por conhecimento, os Estados Unidos, no fim do ano passado, montaram uma operação que custou mais de 5 milhões de dólares para coletar água do Mercer, que é um gigantesco lago subterrâneo, quase com o tamanho de Barcelona, e que está escondido abaixo de uma camada de um quilômetro de gelo.
Quando os cientistas conseguiram alcançar a água, relataram que a impressão foi a de pousar em outro planeta. Isso porque muito pouco se sabe sobre esses ambientes — mesmo chegando lá, não é fácil conseguir dados; nessa expedição, por exemplo, só se conseguia ver 25 centímetros na frente da câmera devido à turbidez da água.
Além disso, todo o equipamento usado teve que passar por desinfestação por raios ultravioletas para não levar para o fundo do lago os micróbios da superfície. Isso é importante porque uma das intenções era saber qual tipo de vida existe no fundo do lago, onde não chega a luz solar e a temperatura é muito baixa.
Mesmo assim, existem cerca de 10 mil micróbios por mililitro — e ainda é preciso ver se não existe algum animal nas amostras. Isso tudo, é claro, é muito menos do que se verificaria nos oceanos, mas vale lembrar as condições extremas nas quais essas vidas estiveram isoladas nos últimos 100 mil anos.
O bacana é que algumas dessas informações e técnicas serão usadas para explorar o espaço. Você sabia, por exemplo, que as luas de Júpiter e Saturno têm mais água do que há em nosso planeta? E já tinha ouvido falar a respeito dos oceanos subglaciais em Marte e Plutão?
Pois é, existe muita água fora da Terra, isso faz da Antártida, também, um ensaio para explorar esses lugares em busca de vida.