Os olhos humanos são continuamente bombardeados com informações. Ao longo do dia, ou até mesmo de uma mesma cena, ocorrem muitas mudanças nas formas, cores, movimentos, luz, entre outros elementos. Sabendo disso, é comum se perguntar: como o cérebro consegue processar essas informações vistas por nossos olhos?
Uma resposta está no estudo publicado recentemente no Science Advances, que concluiu que nossa visão é como se fosse uma média do que os olhos capturaram nos últimos 15 segundos, tendo maior destaque o passado recente.
Como foi realizado o estudo?
O primeiro passo realizado pelos pesquisadores foi o de separar as pessoas em três grupos diferentes, tendo cada um pelo menos 40 participantes. O primeiro deles, assistiu a um vídeo com um único rosto de 13 anos; o segundo grupo, o rosto era de uma pessoa com 25 anos; e o último grupo viu os mesmos rostos, o jovem e o adulto, das primeiras equipes, envelhecer gradualmente, em quase 30 segundos.
Após isso, os autores pediram para cada participante a idade do último rosto exibido durante a projeção do filme. Em seguida, os pesquisadores analisaram as respostas e os participantes do terceiro grupo relataram a idade do rosto apresentado nos últimos 15 segundos antes.
Da mesma forma que ocorreu em outro experimento, o qual mostrou um filme do rosto mais antigo para o mais novo, os participantes perceberam uma idade mais velha do que no final. Assim, em ambos os experimentos, a diferença foi de cinco anos em média.
Portanto, os resultados apontaram que, em vez da imagem mais recente em tempo real, os humanos, na verdade, processam versões anteriores, pois o tempo de atualização do nosso cérebro é de cerca de 15 segundos. E isso acontece porque é muito trabalhoso para o cérebro lidar com cada mudança, mesmo que sejam mínimas.
O que significa ver apenas os últimos 15 segundos?
Com a descoberta, entende-se que nosso sistema visual às vezes sacrifica a precisão em prol de uma experiência visual mais suave do mundo ao nosso redor. Além disso, ela explica o motivo pelo qual não conseguimos perceber alterações sutis em filmes, como a mudança do ator para o seu dublê, por exemplo.
O atraso no processamento de informações traz consequências positivas e também negativas para o nosso cérebro. A lentidão permite um menor bombardeamento de informações durante o dia, mas, por outro lado, oferece riscos para as atividades que dependem de mais precisão e detalhes.
Assim, os julgamentos feitos pelas pessoas todos os dias não são totalmente baseados no presente, pelo contrário, elas dependem fortemente do que viram no passado.