Seguindo sua vocação de forçar os limites da ciência e da tecnologia, a Agência Espacial dos Estados Unidos, em meados de 2021, fez os primeiros testes no veículo autônomo Orpheus. Ele tem a capacidade de percorrer toda a zona hadal, que se inicia aos 6.500 metros de profundidade e pode chegar até impressionantes 11 km abaixo da superfície dos oceanos (só para você ter ideia, a pressão nesse ponto equivale a uma tonelada por centímetro quadrado).
Essa não será a primeira vez em que estudamos o mar nessa profundidade. Nos anos 1970, cientistas da Alemanha, da Dinamarca, do Japão e do Reino Unido chegaram a encontrar um peixe a 8 km de profundidade, que se chama Pseudoliparis Swirei e mede 15 centímetros.
Agora, a empreitada da Nasa é muito mais audaciosa, já que não se trata da busca por uma mera incursão. Contando com a capacidade do Orpheus de trabalhar sem problemas em qualquer parte do oceano, a ideia é usar um grande número de equipamentos desse tipo para construir mapas em 3D de diversas áreas até hoje inexploradas.
O interesse não é apenas o desejo de conhecer o motor da empreitada estadunidense. A zona hadal é uma das poucas áreas do planeta das quais a humanidade ainda não sabe quase nada, então a expectativa é a de que as informações obtidas possam ser usadas em futuras pesquisas em áreas como medicina, energia e nas indústrias farmacêutica e alimentícia.
Além disso, os cientistas buscam uma melhor compreensão de fenômenos como tsunamis e terremotos, que possuem capacidade de causar graves danos humanos e materiais.
Por fim, com a exploração do fundo dos nossos oceanos, a Nasa pretende desenvolver melhores técnicas para desvendar os segredos da Lua Europa, que orbita Júpiter e possui um imenso oceano de água salgada e que, portanto, possuiria condições semelhantes àquelas vistas nas profundidades gigantescas. Bacana, né?