Nesta semana, a vacina de Oxford para combater o coronavírus entra em sua terceira fase de testes. A nova parte da pesquisa contará com cerca de 10 mil voluntários a serem vacinados por todo o Reino Unido. O objetivo é verificar a eficácia e segurança do medicamento. A empresa responsável pela produção é a farmacêutica AstraZeneca que foi autorizada a trazer os testes para o Brasil.
Um dos pontos de testagem é a Escola de Medicina Tropical de Liverpool que conta com a imunologista Daniela Ferreira à frente do projeto. Também especialista em infecções respiratórias e desenvolvimento de vacinas, ela explica que “o que está acontecendo agora, é um trabalho de envolvimento global, com todos os cientistas compartilhando conhecimento em tempo real”.
Recentemente o Brasil entrou, junto com outros 44 países para o consórcio de produção da vacina de Oxford. “A vacina é para o mundo inteiro; tem de haver uma colaboração internacional e tem de ser solidária, não pode ser ditada por interesses comerciais e preços”, afirmou Ferreira.
Os testes
Apesar de ainda estar em fase de teste, já existe uma grande produção do medicamento. Isso porque, é considerado o imunizante mais promissor e avançado dentre os 70 que estão sendo desenvolvidos mundialmente.
Estudos anteriores já haviam comprovado a eficácia da vacina de Oxford no tratamento da Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars) e da Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers). Ambas doenças também são causadas por coronavírus. Sabendo disso, o processo de testagem do produto pode ser mais rápido. Segundo especialistas, a ideia é que o medicamento induza o organismo a desenvolver seus próprios anticorpos.
Além de 18 centros de pesquisa no Reino Unido, outros países que estão em estados mais críticos realizaram os testes. Por exemplo, no Brasil, 2 mil pessoas passarão pelo processo em que metade receberá a vacina de Oxford e a outra metade apenas um placebo. Depois, os voluntários serão expostos à doença de forma natural. Dessa forma será possível analisar o funcionamento do produto.
Mais do que apenas segura e eficiente, “é preciso saber se ela pode ser produzida rapidamente e em larga escala, se será acessível globalmente, se terá um preço razoável ou poderá ser distribuída de graça. Enfim, tudo isso entra nessa conta”, afirma a imunologista.