Em agosto, a empresa Triwi, consultoria em marketing digital, realizou uma pesquisa sobre a representatividade das mulheres no mercado de trabalho. A companhia abordou 2.542 empresas dos setores de serviços, indústria e comércio do país, para realizar o estudo.
A entrevista foi feita com empresas de todos os portes. Das empresas entrevistadas 22,6% contam com mais de 1.000 funcionários, 22,6% entre 501 a 1.000 funcionários, 17,7% entre 201 a 500 funcionários, 9,7% entre 51 a 200 funcionários, 12,9% entre 11 a 50 funcionários e 14,5% entre 2 a 10 funcionários.
O estudo constatou que apenas 27,4% das empresas entrevistadas contam com mais de 51% do quadro de funcionários representado por mulheres e que 53,2% contam com até 30%. Além disso, a pesquisa apontou que 24% das empresas não tem mulheres negras no quadro de funcionários (cerca de 1 em cada 4). Além de quase 70% não incluírem colaboradoras com alguma deficiência física.
Outra questão abordada foi o percentual de mães no mercado de trabalho, a pesquisa constatou que 35,5% das empresas no Brasil possuem até 10% do quadro de funcionários composto por mães. Seguido por 32,3% das empresas que contam com 11% a 30%.
Salário e especialização
Os dados da Triwi verificaram que 27,4% das companhias não possuem mulheres em cargos de chefia e 32,2% das empresas possuem até 10% de mulheres no comando. A co-fundadora da Triwi, Tricia Martins comentou que “ainda há empresas muito tradicionais, em que mulheres não são escolhidas para ocupar cargos de alto escalão, mesmo possuindo as qualificações necessárias”.
O estudo apontou que as mulheres no mercado de trabalho ganham menos que os homens, o percentual foi de 48,4% entre as empresas. As exceções, onde as mulheres ganham mais ou igual aos homens contou com 3,2% e 19%,4 das empresas.
Com relação ao nível de escolaridade das mulheres nas empresas entrevistadas, a pesquisa mostrou que 79% das empresas contam com mulheres com nível superior ou acima.
Assistência as mulheres no mercado de trabalho
Parte da pesquisa procurou saber se as empresas tinham algum canal exclusivo de denúncias relativo a assédio. O resultado constatou que a maioria absoluta das companhias que não contava com nenhum canal e que 9,7% apontaram a existência deste tipo de assistência na empresa.
De acordo com Ricardo Martins, CEO e principal estrategista da Triwi, a intenção da pesquisa era “mostrar a representatividade das mulheres no mercado de trabalho. A pesquisa ainda apontou que as empresas não implementaram nenhum tipo de canal de denúncias de assédio para que elas tivessem algum apoio ou fossem escutadas, ou que tivessem alguma ajuda profissional”.
Breve dos primeiros direitos das mulheres no mercado de trabalho
As primeiras normas trabalhistas que tratavam de assegurar condições justas de trabalho para as mulheres surgiram durante a Revolução Industrial. Nesse período consideravam que a mulher deveria ser protegida por conta de sua condição física mais frágil em relação à estrutura corporal do homem e o seu papel de mãe.
A proteção à maternidade que nesse momento parecia algo positivo, passou a ser fonte de desvantagem para as mulheres, diante do quadro da flexibilização trabalhista, como destaca Laura Pautassi, professora de Direito na Universidade de Buenos Aires (UBA).
Por conta disso se tornou necessário ampliar ações afirmativas garantam permanência da mulher no mercado de trabalho em condições semelhantes às do homem, inclusive em relação à remuneração e capacitação.