A Fundação Getulio Vargas, por meio do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV), divulgou um estudo sobre as consequências ocasionadas pela redução do auxílio emergencial (de R$ 600 para R$ 300). De agosto para setembro de 2020, o número de pessoas em situação de pobreza aumentou em mais de 8,6 milhões. A população na linha da miséria, por sua vez, avançou para mais de quatro milhões.
Para chegar a esses cálculos, o economista Daniel Duque considerou as informações liberadas pela Pnad COVID-19 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios COVID). “O pior momento vai ser em janeiro (de 2021)”, afirmou o pesquisador em referência ao período previsto para o fim do auxílio emergencial.
Redução do auxílio emergencial e impactos após o fim dos repasses
Com a redução do auxílio emergencial, a proporção de pessoas vivendo na extrema pobreza passou de 2,4% para 4,4%. O pesquisador da consultoria IDados, Bruno Ottoni, explicou que as previsões para 2021 são ainda mais preocupantes. No ano que vem, o extinção de programas assistenciais poderá intensificar a desigualdade de renda entre a população brasileira.
“O auxílio vai acabar, e os trabalhadores que puderam ficar em casa com alguma renda no período de pandemia não terão alternativa, terão de buscar trabalho. Vai acabar também o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda, que beneficiou até 9,5 milhões de trabalhadores da iniciativa privada. Então, teremos um corte expressivo e abrupto de dois programas muito relevantes”, informou.
Segundo o economista Daniel Duque, a expectativa é que ocorra alguma melhora a partir de uma recuperação mais consistente do mercado de trabalho. A geração de mais empregos, no entanto, não deve afetar o contexto das pessoas que estão na linha da miséria.
Esse grupo, conforme Duque, têm mais dificuldade para garantir vagas no mercado de trabalho. “A melhora do emprego, sem dúvida, dificilmente afeta positivamente a pobreza extrema. A pobreza não extrema é mais sensível ao mercado de trabalho”, explicou.