Nesta quarta-feira (02/12), o Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou relatório anual sobre a economia do Brasil. No documento, o FMI sugeriu que o auxílio emergencial e outros benefícios dados durante a pandemia de COVID-19 sejam mantidos. Contudo, também recomendou manter “o teto de gastos constitucional como uma âncora fiscal para apoiar a confiança do mercado”.
De acordo com o órgão, cuidar para que as despesas não aumentem não deve sacrificar as medidas fiscais que servem como apoio à economia durante a crise de saúde. O Fundo ressaltou ainda que o Brasil deve estar preparado para manter pacotes de incentivo por mais tempo. Isso caso, em 2021, “as condições econômicas se mostrarem significativamente piores do que o esperado”.
Crescimento da economia brasileira
O documento divulgado pelo FMI constatou que as medidas do governo em meio à pandemia foram essenciais para que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil não despencasse em 2020. Segundo o órgão, o PIB brasileiro deve reduzir 5,8%, mas a economia nacional deve crescer 2,8%. O relatório ainda mostra que o país teve dificuldade em recuperar o ritmo de crescimento depois de 2016. Contudo, tinha boas bases para melhorar em 2020.
Isso teria acontecido, caso não houvesse pandemia de coronavírus. Tendo em vista o estado de calamidade na saúde mundial, o FMI elogiou o Brasil pelas medidas desenvolvidas. Uma delas foi o auxílio emergencial, que começou a ser pago em abril no valor de R$ 600 para a população vulnerável. Em setembro foi prorrogado por mais quatro parcelas de R$ 300.
Até agora, mais de 60 milhões de famílias foram beneficiadas. “A resposta do governo à crise foi rápida e considerável. As autoridades implementaram programas emergenciais de transferência de renda e retenção de empregos, aumento dos gastos com saúde, apoio financeiro aos governos locais e linhas de crédito para pequenas empresas”, diz o documento.
FMI recomenda manter o auxílio emergencial
Apesar de a criação do benefício ter ajudado a economia e a população a não sofrer tanto durante a crise, o governo federal não pretende estender as parcelas. Nesta terça-feira (01/12), o presidente Jair Bolsonaro afirmou que prorrogar o auxílio emergencial “é o caminho certo para o insucesso”. Entretanto, o Fundo Internacional recomenda que a ajuda de custo seja mantida.
Conforme sugere o FMI, o Brasil deveria aproveitar a medida para aumentar o padrão de vida da população em 2021. Para isso, seria necessário reduzir gastos obrigatórios. Vale ressaltar que o corte brusco do auxílio emergencial lançaria seus dependentes na pobreza. Seriam cerca de 15 milhões de brasileiros perdendo sua renda por completo.
“Acabar com as transferências de dinheiro para famílias vulneráveis e trabalhadores informais enquanto o mercado de trabalho ainda está fraco pode levar a uma maior desigualdade de renda e de gênero. Manter algum apoio no próximo ano (2021) permitiria alguma margem de manobra para lutar contra os efeitos da pandemia e reduzir a vulnerabilidade do Brasil às cicatrizes relacionadas à crise”, diz o estudo.
De acordo com o órgão, uma boa resposta seria colocar em prática as reformas estruturais previstas. Logo, será possível “realocar recursos sob o teto de despesas e fortalecer a rede de segurança social de forma permanente”. No entanto, não há consenso entre os governantes em relação às mudanças. O FMI diz que é necessário tratar do assunto com urgência.