Nesta sexta-feira (27/11), dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Mensal (PNAD Contínua) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontaram que o desemprego no Brasil bateu uma taxa recorde de 14,6% no trimestre encerrado em setembro, atingindo 14,1 milhões de pessoas no país.
A pesquisa do IBGE apresenta os percentuais do crescimento desempregados no país de 1,3% em relação ao 2ª trimestre (13,3%) deste ano e 2,8% em comparação com o mesmo período do ano passado (11,8%). “Essa é a maior taxa registrada na série histórica do IBGE, iniciada em 2012, e corresponde a 14,1 milhões de pessoas. Ou seja, mais 1,3 milhão de desempregados entraram na fila em busca de um trabalho no país”, constatou o IBGE.
De acordo com Adriana Beriunguy, analista da PNAD, a ampliação nos índices de desemprego no Brasil está relacionada a flexibilização das medidas de isolamento social para conter a contaminação por Covid-19. “Em abril e maio, as medidas de distanciamento social ainda influenciavam a decisão das pessoas de não procurarem trabalho. Com o relaxamento dessas medidas, começamos a perceber um maior contingente de pessoas em busca de uma ocupação”, explica a analista.
Analistas preveem que os índices de desemprego no Brasil devem continuar crescendo nos próximos meses apesar das movimentações na economia durante o 3º trimestre, que recuperou parte das perdas financeiras nos períodos mais críticos da pandemia. As inseguranças aumentam por conta das preocupações com uma possível segunda onda de Covid-19, o fim dos programas de auxílio social e a indefinição das medidas de ajuste fiscal que poderiam assegurar as contas da União.
Panorama do desemprego no Brasil pelo IBGE
- Em 10 estados o índice de desemprego subiu e ficou estável nos demais. Bahia (20,7%) teve a maior taxa e Santa Catarina (6,6%), a menor;
- Taxa de desemprego foi de 12,8% para os homens e 16,8% para as mulheres;
- O índice de desemprego no Brasil para das pessoas pretas foi de 19,1%, enquanto o dos pardos foi de 16,5%; a menor taxa foi a dos brancos de 11,8%;
- O Instituto verificou que a taxa de desemprego é maior entre os jovens, com destaque para a faixa das pessoas de 18 a 24 anos de idade (31,4%);
- Nível de ocupação foi de 47,1%; ou seja, menos da metade da população em idade para trabalhar está ocupada no país;
- O número de pessoas que desistiram de procurar emprego (desalentadas) bateu novo recorde, chegando a 5,9 milhões;
- O número de trabalhadores com carteira assinada caiu em 2,6% frente ao 2º trimestre, com perda de 790 mil postos;
- A taxa de informalidade subiu para 38,4%, contra 36,9% no trimestre anterior, o que corresponde a 31,6 milhões de pessoas;
- Apenas a áreas da construção civil e agricultura tiveram crescimento da população ocupada no 3º trimestre, com 7,51% (399 mil trabalhadores) e 3,8% (304 mil empregados) respectivamente.
Esperanças de recuperação
De acordo com dados apresentados nessa quinta-feira (26/11) pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), em outubro houve a geração de 394.989 postos de trabalho com carteira assinada no Brasil. Ainda que tenha sido o quarto mês seguido em que as contratações com carteira assinada superaram as demissões, considerando os números dos dez primeiros meses de 2020 verifica-se a perda de 171.139 empregos.
Em entrevista à Reuters, Adriana Beringuy explica que “o Caged tem uma metodologia diferente da Pnad – aqui temos pesquisa domiciliar, usamos trimestres móveis e o Caged olha isoladamente um mês. Enquanto o Caged mostra recuperação da carteira de trabalho, a gente mostra um mercado que ainda não se recupera”.
Apesar disso o ministro da Economia, Paulo Guedes, considera que seja possível que o Brasil recupere os postos de trabalho que foram perdidos até o fim do ano. Apesar do mês de dezembro ser considerado um mês que tradicionalmente não abre oportunidades para empregos formais. “Podemos terminar o ano tendo perdido zero empregos no mercado formal, zero. Se terminarmos o ano com zero perda de empregos no mercado formal, terá sido um ano histórico da economia brasileira”, disse o ministro da Economia.