Sua avó possivelmente usava termos como “supimpa” e “batuta” quando, há algumas décadas, queria fazer algum tipo de elogio. Mudanças na forma como falamos e nos expressamos acontecem constantemente, por isso é importante entendermos também como o uso de algumas expressões tem relação com uma realidade antiga e que não cabe mais — ainda bem!
Nosso país tem uma herança escravocrata, colonizadora e machista muito forte, basta vermos como as populações negras ainda sofrem violências diárias simplesmente por existirem.
Se você se preocupa em criar uma realidade mais acolhedora e menos racista, classista e preconceituosa, é importante mudar também o seu vocabulário. Lembre-se de que a palavra tem um peso enorme no desenvolvimento humano, por isso, eliminar algumas expressões é uma medida importante e necessária.
Expressões e palavras que devem sair do seu vocabulário
Para não perpetuar preconceitos através da fala, preste atenção nas palavras ditas diariamente e, sempre que identificar alguma com significado pejorativo, treine para retirá-la do seu vocabulário. Confira alguns exemplos:
- Denegrir: o dicionário entende como “ofender” o ato de “tornar negro”. Ser negro não é uma ofensa. Substitua por “caluniar” ou “difamar”;
- Mulata: a palavra, usada para se referir a pessoas negras de pele clara, tem origem no animal “mula”, que nasce da cruza do jumento com a égua. Prefira a palavra “parda”;
- Macumba: usar a palavra de forma pejorativa não está com nada! Se quiser se referir às oferendas feitas na umbanda e no candomblé, o certo é usar “despacho” ou “ebó”;
- Escravo: a palavra aparece em todo livro de História e se refere às pessoas, geralmente de origem africana, que foram forçadas a trabalhar. O problema é que, ao intitular alguém como escravo, podemos entender que essa é uma condição inerente à pessoa. O mais correto é falar “povos escravizados” ou “pessoas escravizadas”;
- Serviço de preto: a expressão é altamente racista e costuma indicar que um trabalho foi mal feito. Substitua, então, por “esse trabalho não está bom”;
- Inveja branca: essa expressão traz a ideia de pureza que as pessoas relacionam à branquitude. Não existe inveja branca nem preta. Inveja é um sentimento humano e extremamente comum;
- Da cor do pecado: ainda que a ideia seja fazer um elogio ao usar a expressão, é importante entender que o termo perpetua a sexualização dos corpos negros, visto pelas pessoas brancas como mero objeto de realização sexual. Seguindo o mesmo raciocínio, não é elogioso dizer a um homem negro que ele deve ser “bem dotado”;
- Não sou tuas negas: Essa expressão, ainda muito comum, também merece ser abolida. Na época da escravidão, as mulheres negras eram frequentemente violentadas pelos homens brancos, que mantinham as esposas brancas no papel de “mulher da casa” e realizavam suas fantasias sexuais com as mulheres negras;
- Ovelha negra, mercado negro, lista negra: todos esses termos têm relação, mais uma vez, com a ideia de que, se algo é negro, só pode ser ruim, malvado, ilegal.
Mudar sua postura é importante para criarmos uma realidade menos violenta e hostil. Pense nisso e melhore seu vocabulário, começando hoje mesmo.