É fascinante a capacidade que o ser humano tem de criar histórias e o interesse que tem por ouvir esses “causos”. Desde os desenhos pré-históricos, que contavam narrativas nas paredes das cavernas, até as fábulas e as lendas a respeito de criaturas mitológicas, como aquelas típicas da cultura grega, só para citar alguns exemplos, temos também aquelas histórias que algumas pessoas juram ter um fundo de verdade. A loira do banheiro é uma delas.
Basta perguntar para alguma criança ou um adolescente se ele já ouviu falar sobre a loira do banheiro para entender que essa é uma lenda urbana popular até os dias de hoje. Os detalhes obviamente variam conforme as gerações e as regiões do país, mas, de modo geral, a narrativa mantém uma base bem conhecida.
O que se fala é que existe uma moça loira, que aparece misteriosamente nos banheiros de várias escolas, contanto que as pessoas sigam um certo “ritual” — pode ser chamar pela loira três vezes em frente ao espelho ou até mesmo jogar um fio de cabelo loiro e dar a descarga.
Loira do banheiro: a história real
O que você talvez não saiba é que, por trás dessa lenda urbana, existe uma história real. É claro que também existem versões a respeito do fato verdadeiro que teria inspirado a criação do “causo”, mas a versão mais aceita diz que a loira seria Maria Augusta de Oliveira.
Nascida em Guaratinguetá, SP, no final do século 19, Maria Augusta era filha do Visconde de Guaratinguetá. Obrigada pelo pai, ela se casou com um homem poderoso quando tinha apenas 14 anos, algo comum nessa época.
Infeliz com o casamento arranjado, a jovem teria vendido seus pertences de valor e fugido para Paris assim que completou 18 anos. Lá, viveu até o seu falecimento precoce, que teria ocorrido quando ela tinha 26 anos e cuja causa continua não desvendada devido à ausência do seu atestado de óbito.
Retorno macabro
O corpo de Maria Augusta foi trazido ao Brasil e permaneceu em uma redoma de vidro, na casa da família, até que seu túmulo ficasse pronto. A mãe da jovem recusou-se a enterrá-la, mesmo depois de a sepultura ficar pronta, mas a presença do corpo de Maria resultou em uma série de pesadelos nos moradores da casa. Isso acabou mudando a ideia de sua mãe, que realizou o sepultamento.
Alguns anos depois, o casarão da família foi transformado em na Escola Estadual Conselheiro Rodrigues Alves. Muitas pessoas dizem que o espírito de Maria Augusta está na construção até hoje, e que aparece sempre nos banheiros da residência.
Quase 15 anos após a inauguração da escola, em 1916, um incêndio sem causa aparente atingiu toda a estrutura, que precisou passar por um longo processo de restauração.
Não se sabe, ainda, por que a lenda se popularizou tanto, mas existem suspeitas de que as professoras falavam a respeito de Maria Augusta para evitar que os alunos se escondessem nos banheiros quando queriam matar aula. Será?
O fato é que a história continua popular até hoje, independentemente da motivação que a transformou em lenda, e existem muitas pessoas que afirmam já terem se deparado com a loira. Acreditar ou não depende de cada um e da sua coragem de testar alguns dos rituais que atrairiam a presença de Maria Augusta.