Dados de uma pesquisa encomendada pelos institutos Fundação Lemann, Itaú Social e Imaginable Futures, apontam que cerca de 52% dos estudantes da Região Nordeste sofrem com falta de merenda escolar durante a pandemia.
Essa realidade, enfrentada pelas famílias em 2020, faz com que o orçamento fique ainda mais pesado e até afete no rendimento dos alunos. O resultado obtido no Brasil inteiro em relação à falta de merenda fica na casa dos 42%.
Além das dificuldades relativas à educação, com a paralisação das aulas presenciais, muitas famílias passam por dificuldades financeiras por conta do aumento do desemprego, assim como pela queda na renda mensal. Para auxiliá-los, os governos criaram auxílios como o vale-alimentação ou proporcionaram a entrega de marmitas. As ações, no entanto, são específicas por região.
Falta merenda escolar a mais da metade dos estudantes nordestinos
A pandemia do novo coronavírus afetou a vida de famílias inteiras. Pais e filhos precisaram se desdobrar para conseguir, respectivamente, trabalhar e estudar mesmo com as escolas fechadas.
No Nordeste essa situação ficou ainda pior. Sem aulas, os alunos das redes públicas municipal e estadual ficaram sem a merenda, que, para muitas crianças e adolescentes, representa a principal (e às vezes única) refeição do dia. Dessa forma, com os estabelecimentos de ensino fechados, não puderam mais contar com as refeições.
Pais passaram a participar mais da educação dos filhos
Em razão da pandemia de COVID-19, o que antes era papel quase que exclusivo das escolas e dos professores, passou a ser também das famílias.
Na região Nordeste do Brasil, em razão das aulas remotas, 47% dos pais e responsáveis estão participando mais da educação dos estudantes. Além disso, 76% deles consideram que sua responsabilidade agora é maior do que antes da pandemia.
Confira, na ordem, o que os pais e responsáveis consideram mais importante na educação remota:
- Receber orientações da escola sobre como apoiar os estudantes para fazerem as atividades;
- Receber sugestões para motivar os estudantes a participarem das atividades;
- Receber informações regulares sobre como está evoluindo o aprendizado;
- Para 80%, receber orientações da escola para ajudar no uso dos recursos tecnológicos;
- Ter um grupo de pais ou responsáveis para trocar ideias e experiências.
Os dados compõem a mesma pesquisa que informamos inicialmente, divulgada recentemente pelo Datafolha, encomendada pelos institutos Fundação Lemann, Itaú Social e Imaginable Futures.
Segundo a gerente de Pesquisa e Desenvolvimento do Itaú Social, Patrícia Mota Guedes, os dados representam um bom parâmetro para estabelecer estratégias para otimizar e explorar o potencial das famílias na formação dos estudantes.
“Famílias estão acompanhando mais de perto o ensino para seus filhos, e valorizando ainda mais o papel central do professor. São transformações que vêm para dar mais força a iniciativas de valorização da profissão docente, assim como da parceria família-escola”, compreende a pesquisadora. Ainda de acordo com o estudo, com as aulas remotas, 71% dos pais passaram a valorizar mais o trabalho dos professores em sala de aula.