O Dia do Servidor, nesta quarta-feira (28/10), foi bastante agitado com atos organizados por funcionários públicos de todo o país. Várias entidades se manifestaram contra pontos da Reforma Administrativa e também privatizações. As principais reclamações estão relacionadas a não valorização dos servidores, flexibilização da estabilidade e a necessidade de aprimorar o funcionalismo.
“Não temos o que comemorar neste dia 28, e também não podemos ficar em casa sem nos manifestar. Estaremos nas ruas, com todos os equipamentos de proteção contra Covid-19, para dialogar com a sociedade”, afirmou o diretor executivo da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Pedro Armengol. Os atos foram realizados presencialmente e também via internet.
Servidores se sentem desvalorizados
O Brasil conta com 12 milhões de trabalhadores no funcionalismo, somando todos os âmbitos: municipais, estaduais, federais e militares, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Um deles é a aposentada do MEC Erilza Galvão dos Santos. Entre vários apontamentos feitos por ela em entrevista ao Metrópoles, estão as rotulações aos servidores públicos como pessoas que são apenas uma grande despesa para o governo.
Outra de suas preocupações é a falta de reposição de funcionários, uma vez que muitas pessoas estão se aposentando e os concursos estão diminuindo. “Isso veio crescendo ao longo do tempo e, consequentemente, diminuiu a qualidade do serviço prestado à população. Veja as filas do INSS, mas isso acontece em todo o serviço público”.
“A briga hoje é a reforma administrativa, que quer diminuir o concurso público e a estabilidade. […] A estabilidade não é uma defesa individual, mas da prestação do serviço público”, pontuou. O técnico Carlos Chácara, funcionário de um hospital administrado pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), tem se sentido desvalorizado.
“Na minha visão, o governo não valoriza nem a população nem seus servidores. Tentam colocar a incompetência de gestão na conta dos servidores. Os servidores da área da Saúde foram os principais atores no combate da Covid-19. Os trabalhadores da saúde se dedicaram em fazer o que foi possível para cuidar das pessoas”, usou a pandemia de coronavírus como um exemplo.
Manifestação no lugar de comemoração
O principal ponto debatido pela CUT foi o dos Correios e da Companhia Energética de Brasília (CEB), no Distrito Federal. A instituição também se posicionou contra a Reforma Administrativa e, por isso, resolveu trazer o debate para a sociedade.
Em São Paulo, o Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal (Sintrajud) e o Fórum dos Servidores Públicos foram às ruas. Vários servidores foram convocados a se manifestar online e presencialmente. A principal crítica tratada pelo ato foi à PEC 32, que apresenta o Plano ‘Mais Brasil’. Segundo os organizadores do ato, as mudanças no funcionalismo trazidas pelas propostas adicionadas à reforma são um ataque aos funcionários públicos.
Responsável por um debate acerca do governo digital e integridade pública, o Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas do Estado (Fonacate) chamou a atenção. O ato teve a participação de acadêmicos, especialistas e até parlamentares e representantes do governo. “A Conferência do Fonacate reúne especialistas verdadeiramente interessados no aprimoramento do serviço público brasileiro. É nossa contribuição para a reconstrução democrática do país”, pontuou o presidente do Fórum, Rudinei Marques.