Um estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV) mostrou que 38 milhões de cidadãos brasileiros ficarão sem assistência após o fim do auxílio emergencial.
O benefício foi criado, pelo Governo Federal, como um mecanismo de defesa econômica para trabalhadores autônomos por conta da crise instaurada no país durante a pandemia de COVID-19. A informação foi divulgada pelo jornal Folha de São Paulo.
67 milhões de brasileiros receberam a primeira parcela do auxílio de R$600, mas dentre eles 38 milhões não são beneficiários do programa Bolsa Família, pois não estão cadastrados no CadÚnico do governo.
Desses, só os beneficiários do Bolsa Família continuarão a receber ajuda do governo após o dia 31 de dezembro de 2020, data prevista pelo presidente Jair Bolsonaro para o fim do auxílio emergencial.
Estudo da FGV
O número de cidadãos que vão perder a assistência é de 61% do total de beneficiários do programa do Governo Federal.
De acordo com a Fundação Getúlio Vargas, mais da metade desses brasileiros trabalham em ocupações informais — vivem de bicos ou de outros trabalhos que não possuem renda fixa.
Mais de 70% deles têm renda de até R$ 1.254, e 55% possuem apenas o ensino fundamental como escolaridade.
A fundação utilizou os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), para calcular esses efeitos.
Sem o auxílio emergencial, os 38 milhões de brasileiros irão ter uma queda de 12% no seu rendimento mensal. O aumento da renda média dos brasileiros com o auxílio emergencial foi de 38%.
Mas existe uma falha no levantamento já que a FGV não diferenciou a parcela da população que recebeu o auxílio injustificadamente. O Tribunal de Contas da União já havia comunicado, em agosto deste ano, que mais de 6 milhões de brasileiros foram beneficiados com auxílio sem precisar realmente do valor.
Renda Cidadã
A equipe econômica do Governo Federal, comandada por Paulo Guedes, já estuda uma espécie de extensão do auxílio emergencial: o programa Renda Cidadã.
A ideia é que o novo projeto substitua o Bolsa Família e tenha valores de até R$ 250 em suas parcelas. Mas o Renda Cidadã — se aprovado — pode sair mais caro em até 25 bilhões de reais para os cofres públicos.
Atualmente, o projeto está sendo alvo de estudos pelos economistas do governo, já que não pode ultrapassar o teto de gastos orçamentários da União Federal. O Renda Cidadã também foi alvo de polêmicas e críticas por conta das extinções de benefícios que possam vir a ser feitas para que ele seja custeado.