Na última quinta-feira (21/05), foi publicada uma pesquisa sobre os impactos do novo coronavírus no sistema nervoso central. Os resultados, obtidos por meio de imagens, expõem sintomas neurológicos em alguns dos pacientes infectados.
Por conseguinte, a condição mais comum foi a mudança no estado mental. Ao menos 59% das pessoas analisadas sofreram com esse sintoma, especialmente aqueles com idade mais avançada.
O segundo mais comum foi o AVC (acidente vascular cerebral), que afetou aproximadamente 31% dos voluntários da pesquisa. Outros sintomas neurológicos encontrados foram: dor de cabeça (12%), convulsões (9%) e tontura (4%).
As análises passaram pelas mãos dos pesquisadores da Universidade de Cincinnati e de quatro institutos italianos de saúde. É possível conferir os detalhes por meio do jornal científico Cardiology.
Sintomas neurológicos
Ao analisar imagens de 725 pacientes com COVID-19, os pesquisadores conseguiram perceber vários sintomas neurológicos em 108 dos participantes.
“Outros estudos descreveram o espectro de imagem torácicas dos recursos da COVID-19, mas apenas alguns relatos descreveram os achados de neuroimagem associados à doença”, afirmou o autor do estudo, Abdelkader Mahammedi.
Ele também é neurorradiologista e professor assistente de radiologia na Universidade de Cincinnati. “Esses padrões recém-descobertos podem ajudar os médicos reconhecer melhor e mais cedo as associações com a covid-19 e possivelmente fornecer intervenções mais cedo”, continuou.
Pesquisadores brasileiros já haviam confirmado a hipótese
De acordo com a Agência Brasil, pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) confirmaram que o novo coronavírus é capaz de infectar neurônios humanos.
Agora, as investigações devem ser direcionadas ao modo com as células nervosas sofrem mudanças pela infecção. O projeto está tendo o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
“A primeira parte do trabalho era ver se o vírus pode entrar nessas células. A resposta é sim, os vírus entram nos neurônios”, constatou o coordenador da pesquisa, professor Daniel Martins-de-Souza.
“O que a gente vai fazer agora é o uso das ferramentas de química analítica que a gente tem e, com uma técnica chamada espectrometria de massas, a gente consegue monitorar moléculas nas células, como proteínas, metabólitos e como os lipídios, por exemplo, que são as moléculas de gordura”, disse à Agência Brasil.
A previsão é de que seja possível entender como o vírus funciona ao adentrar os neurônios. Mesmo sendo cedo para tirar conclusões clínicas, o Martins-de-Souza reafirmou que a infecção nas vias neurológicas traz a possibilidade de ainda mais riscos aos pacientes.