Na última terça-feira (19/05), em coletiva de imprensa, o presidente Donald Trump voltou a cogitar a restrição de voos do Brasil aos Estados Unidos. A possibilidade foi novamente considerada em virtude do aumento nos casos de coronavírus no território brasileiro. Trump também voltou a afirmar que sua principal preocupação é com a Flórida, já que o Estado costuma receber muitos turistas do Brasil.
“O Brasil está tendo um grande surto. Eles foram por um caminho diferente do da maioria da América do Sul. Quando você olha os gráficos, infelizmente percebe o que está acontecendo com o Brasil”, afirmou ao longo do pronunciamento.
Envio de ventiladores
O presidente norte-americano também afirmou que está preocupado com a situação brasileira e, por isso, está fazendo o possível para ajudar. “O Brasil está com alguns problemas, sem dúvida”, acrescentou. Uma das medidas adotadas se refere ao envio de ventiladores ao governo brasileiro.
“Eu me preocupo com tudo. Não quero pessoas [do Brasil] vindo para cá e infectando nosso povo”, disse Trump aos jornalistas na Casa Branca.
No entanto, ele ainda não forneceu detalhes sobre como realizará o procedimento. Não há nenhum plano anunciado para efetivar o que Trump destacou em seu pronunciamento.
Embaixada norte-americana anuncia ajuda, mesmo com o possível veto de voos do Brasil
Horas depois do discurso na Casa Branca, em que Trump menciona a restrição de voos do Brasil ao EUA, a embaixada norte-americana avisou que destinará US$ 3 milhões de dólares no combate à COVID-19 em território brasileiro. Esses recursos não dizem respeito aos respiradores, anteriores citados por Trump.
A embaixada dos Estados Unidos anunciou que o dinheiro deverá ser investido “para melhoria do rastreamento de casos, no controle de surtos e no fornecimento de dados para uma reabertura segura no Brasil”.
No dia 14 de abril, o secretário dos EUA informou que a ajuda com insumos somente aconteceria quando a situação se estabilizasse no próprio território estadunidense. Mike Pompeo também desmentiu o rumor de que medicamentos destinados ao Brasil estariam sendo confiscados.
“Cada país, como é natural, dará prioridade à sua própria população, mas os EUA asseguraram ao Brasil uma isenção da Lei de Produção de Defesa. Essa isenção garante ao Brasil a possibilidade de aquisição de respiradores artificiais, até um certo limite, caso o Ministério da Saúde tenha interesse em adquirir equipamentos fabricados nos EUA”, explica o embaixador do Brasil nos Estados Unidos, Nestor Forster.
Debate sobre as restrições de voos do Brasil aos EUA
Não é de agora que Donald Trump cogita a possibilidade de restringir voos do Brasil aos Estados Unidos. Durante encontro com o governador da Flórida, Trump já havia levantado a hipótese de proibições.
Ele disse, na ocasião, que provavelmente iria impor testes rápidos aos turistas brasileiras antes de embarcarem para o território estadunidense. No entanto, nada disso foi implementado.
Aliado brasileiro?
Jair Bolsonaro tem sido um dos poucos presidentes da América Latina a minimizar a pandemia. Em suas próprias palavras, o novo coronavírus se trata de apenas uma “gripezinha”.
Apesar disso, Donald Trump se mostrou bastante cauteloso ao falar sobre o presidente do Brasil. O líder norte-americano não criticou a posta negacionista de Bolsonaro, mas não deixa de reafirmar a situação grave dentro do território brasileiro.
Donald Trump também chegou a minimizar os efeitos da pandemia. Sua postura mudou em março, quando começou a defender as medidas de isolamento. Desde o fim de abril, por outro lado, voltou a pedir a reabertura de parte dos Estados Unidos.