Uma pesquisa encabeçada pelo Instituto Oswaldo Cruz, da Fundação Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), concluiu que o coronavírus já estava no Brasil em fevereiro. A estimativa é de que a transmissão comunitária (entre os próprios brasileiros) teria começado antes do primeiro caso ter sido diagnosticado.
Segundo o estudo, o Sars-Cov-2 chegou ao país no final de janeiro. Sabe-se que a primeira confirmação da doença foi feita em 26 de fevereiro quando um viajante chegou da Itália e seu teste para COVID-19 deu positivo. As datas são similares com as da Europa e Estados Unidos. Estima-se que as contaminações locais começam entre duas e quatro semanas antes da comprovação de casos de pessoas vindas do exterior.
Como saber se o coronavírus já estava no Brasil em fevereiro
Para calcular o início da circulação do vírus, alguns países utilizaram uma análise genética do Sars-CoV-2. No entanto, a quantidade limitada de genomas sequenciados e o curto período do surto no território brasileiro barram uma investigação mais profunda. Por isso, os cientistas do IOC junto com outras instituições começaram a calcular o começo da transmissão comunitária a partir do número de mortos nas primeiras semanas.
A partir disso, contam-se cerca de três semanas para a contaminação de uma pessoa pela COVID-19 até o óbito. Por meio desses dados, eles perceberam que provavelmente o coronavírus já estava no Brasil em fevereiro. Visando confirmar a hipótese, o IOC fez o mesmo cálculo nos EUA e na China e comparou com o resultado da análise genética desses países. O que se percebeu é que a estatística era muito parecida.
Ainda de acordo com o instituto, a hospitalização de pacientes com síndrome respiratória aguda grave (SRAG) cresceu muito nesse meio tempo quando comparada com o mesmo período em 2019. Esse dado, medido pela Fiocruz, é um indicativo de que o vírus começou a ser transmitido muito antes do primeiro caso confirmado.
Sendo assim, entende-se que o coronavírus já estava no Brasil em fevereiro, cerca de 40 dias antes da transmissão comunitária ser confirmada. Outra informação importante é que a taxa de mortalidade pela COVID-19 é muito baixa, por volta de 1%. A pesquisa do IOC foi feita em parceria com o Laboratório de Aids e Imunologia Molecular do IOC/Fiocruz, a Fiocruz-Bahia, a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e a Universidade da República (Udelar), no Uruguai.