O Ministério da Saúde está organizando testes rápidos em massa com coleta de dados para indicar, com mais precisão, as diretrizes de contenção da COVID-19 no Brasil. A pesquisa será feita em âmbito nacional e coordenada pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) apoiada pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE).
Serão testadas quase 100 mil pessoas de todos os estados mais o Distrito Federal. Nesta segunda-feira (20), foi aberto edital de chamamento público para aquisição de mais 12 milhões de testes rápidos para diagnóstico do coronavírus.
Testes para identificar COVID-19 em domicílio
A realização dos testes acontecerá em três etapas com intervalo de duas semanas entre elas, sendo compostas pelo teste em si e também um questionário. O IBOPE irá adquirir equipamentos de proteção para os entrevistadores e a ideia é iniciar a primeira fase já na próxima semana. O estudo, que é encabeçado pelo o secretário da Atenção Primária à Saúde, Erno Harzheim, avaliará pouco mais de 33 mil pessoas por etapa.
O secretário explica que “o objetivo da pesquisa é ver a velocidade real de transmissão na comunidade e não em quem procura serviço de saúde. Por que isso é importante? No momento em que a gente está perto da metade da população imune, a gente está com maior controle da epidemia. Essa informação nos ajuda a definir a melhor política de mobilidade social”. Ou seja, a partir dos resultados obtidos será mais fácil definir os critérios para o isolamento social em cada região e no país como um todo.
Segundo a CEO do IBOPE Inteligência, Márcia Cavallari, a testagem será feita nas residências, então ninguém precisará sair de casa para ser testado. “Quando chegar ao domicílio, o entrevistador vai elencar quem mora ali. Haverá um sorteio aleatório e o próprio tablet informa qual pessoa será entrevistada e testada. O entrevistador coleta uma gota de sangue e coloca em um aparelho. Se der positivo, vai ter que testar todos os moradores daquele domicílio.”
Serão contemplados 133 municípios de regiões intermediárias do Brasil. Em entrevista à Folha, Harzheim disse que o uso dos testes rápidos “vai ser o primeiro retrato da doença pelo país, não apenas o retrato da situação daqueles que procuram os serviços de saúde com sintomas severos. Vai ser um grande instrumento para planejarmos o combate à doença, realizado por um grupo de cientistas independente”.
Pesquisa sobre o coronavírus por telefone
O Ministério da Saúde já começou a fazer uma pesquisa rápida por telefone, o TeleSUS. O sistema consiste em uma ligação feita pela inteligência artificial para saber, por meio de perguntas de “sim ou não”, se alguém naquele número de telefone tem sintomas de gripe ou coronavírus. Ao fim da chamada, são listados algumas medidas de prevenção como o uso de álcool em gel quando não se pode lavar mas mãos.
Dessa forma, já foram atendidas 5,2 milhões de pessoas, entre elas 300 mil estão sendo acompanhadas pelo serviço. Caso o cidadão identifique algum sintoma, pode solicitar auxílio discando 136 ou chat on-line no site do Ministério da Saúde.
Para complementar essa base de dados, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) fará a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, que consiste em entrevistar 200 mil pessoas. Essas serão contactadas pelo telefone e acompanhadas pelo período de três meses para conferir se adoeceram ou não. As ligações também contarão com coleta de dados socioeconômicos para um estudo mais abrangente do impacto da COVID-19 no Brasil.
Com esses métodos, o secretário da Saúde, Erno Harzheim, acredita que “em 15 dias a gente já vai ter muita informação para poder preparar planos de restrição ou abrandamento, mas sempre vai estar dependente do comportamento futuro. O ideal seria que as medidas de restrição ficassem até o final do mês, mas não para abrir. Para ver o que está acontecendo e tomar decisão”.
Conforme informações do Ministério da Saúde, subiu para 46,2 milhões o número de testes adquiridos, dos quais 22 milhões são testes rápidos de sorologia. “Embora a gente coloque testes em massa, não é que a gente vai conseguir testar todo mundo”, destacou o ministro Nelson Teich.