A pesquisa realizada e divulgada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) aponta que trabalhadores pretos e pardos foram a parcela mais beneficiada pelo Programa de Preservação de Emprego e Renda. Por isso, conclui que o desemprego entre pretos e pardos seja maior a partir do ano que vem.
O economista Marcelo Neri foi responsável por conduzir a pesquisa que analisou os impactos da crise causada pela pandemia.
Desemprego entre pretos e pardos pode ser maior em 2021!
A pesquisa analisou a crise gerada pela pandemia do novo coronavírus em relação ao desemprego no Brasil. Segundo os dados, pretos e pardos foram a parcela mais beneficiada pelo Programa de Preservação de Emprego e Renda, que foi criado pelo governo durante a pandemia e possibilitou que empresas suspendessem contratos ou reduzissem as jornadas de trabalho dos seus funcionários. A medida será válida até 31 de dezembro de 2020.
Com o programa, os trabalhadores passaram a receber o Benefício Emergencial (BEm) do governo federal. Já as empresas tiveram que garantir estabilidade dos trabalhadores por período igual ao da suspensão ou redução. De acordo com o pesquisador, o desemprego foi reduzido com o programa do governo.
“Gradativamente, é de se esperar que as firmas aumentem as demissões. Então, a gente acha que o desemprego tende a aumentar mais depois de 31 de dezembro, quando termina a validade desse programa que pode ter sido até mais importante para pretos e pardos, porque ele tende a beneficiar mais a base do mercado de trabalho”, concluiu o pesquisador.
Ao analisar os dados da Pnad-Covid, a FGV Social concluiu que pretos e pardos tiveram maior queda no número de horas trabalhadas quando comparada com os trabalhadores brancos.
Dificuldades dos trabalhadores negros no mercado de trabalho
Segundo informações do estudo realizado pela consultoria IDados em relação ao crescimento do desemprego no Brasil, verificou-se que os trabalhadores negros enfrentam uma maior dificuldade em se colocar no mercado.
A dificuldade é ainda maior na parcela de negros que tenta carreira de nível superior. Em suma, um candidato negro no mercado de trabalho está mal colocado. Na maioria das vezes ocupando cargos inferiores à sua formação.
Além disso, a pesquisa aponta que, durante o primeiro semestre do ano de 2020 no Brasil, 37,9% dos homens negros e 33,2% das mulheres negras se encontravam nessas condições.
Os dados foram comparados com os do ano de 2015, em que o percentual de homens negros com ensino superior ocupando cargos de nível médio ou fundamental era de 33,6% e o percentual de mulheres representava 27,3%.
A Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio (Pnad), feita pelo IBGE, mostrou que atualmente 14 milhões de brasileiros estão desempregados. O número é o maior desde o início da crise causada pelo novo Coronavírus.