O ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, em seu pronunciamento na manhã desta sexta-feira (24/04), disse que não assinou a demissão do diretor-geral da PF. Ele destacou que a decisão de Jair Bolsonaro, que foi publicada no Diário Oficial da União, o pegou de surpresa.
“[Maurício] Valeixo nunca sairia voluntariamente da PF. Eu não assinei esse decreto”, afirmou na coletiva de imprensa desta manhã de sexta-feira (24/04).
A exoneração foi publicada como “a pedido” de Valeixo no Diário Oficial, com as assinaturas eletrônicas do presidente Jair Bolsonaro e de Moro.
Tal atitude, por conseguinte, foi vista com maus olhos pelo ex-ministro da Justiça. Sérgio Moro disse que isso foi algo “ofensivo” e que “foi surpreendido”. “Esse último ato foi uma sinalização de que o presidente me quer fora do cargo”.
Trajetória de altos e baixos
Sérgio Moro decidiu interromper sua carreira de juiz federal, que lhe concedeu fama de herói pela Operação Lava Jato, para virar ministro.
De acordo com suas próprias palavras, ele aceitou a proposta em 2019 por estar “cansado de tomar bola nas costas”.
Tomou posse com a ideia de que teria autonomia total para eventuais e necessárias decisões. Desde que assumiu, no entanto, Moro acumulou uma série de derrotas e se enfraqueceu frente ao governo de Jair Bolsonaro.
Moro não aceitou a demissão do diretor-geral da PF
Durante o seu discurso de demissão, Sérgio Moro relatou que o problema não foi a “troca” do comando da Polícia Federal. Ele estaria completamente de acordo com a substituição por outro nome de peso, contanto que a decisão fosse justificada.
O ex-ministro da Justiça destacou que Jair Bolsonaro sempre quis uma fonte direta dentro da PF, com o objetivo de ter acesso aos relatórios de inteligência.
“O presidente me disse, mais de uma vez, expressamente, que ele queria ter uma pessoa do contato pessoal dele, que ele pudesse ligar, que ele pudesse colher informações, que ele pudesse ter acesso a relatórios de inteligência, seja por diretor, seja superintendente”, reafirmou.