Consegue acreditar que já podemos dar adeus ao ano de 2020? Depois de inúmeras reviravoltas e surpresas, é quase impossível não se sentir melancólico ou contemplativo com os 365 dias que ainda virão. Muitas pessoas costumam usar roupas brancas e pular “sete ondas” para celebrar a chegada de um novo ciclo, não é? Os rituais tomam conta do nosso imaginário e, por vezes, não nos questionamos sobre a origem das tradições de Ano Novo.
Mas deixa eu te contar uma história: os costumes associados ao Réveillon não começaram de um dia para o outro e nem são recentes. As celebrações de Ano Novo, de uma maneira geral, existem há mais de quatro mil anos! No entanto, as passagens de um novo ciclo, na Mesopotâmia, eram calculadas com base nas estações do ano.
Como os povos dependiam da agricultura para a subsistência, eles homenageavam o fim do inverno e o início da primavera. As primeiras tradições de “Ano Novo”, dessa maneira, não aconteciam do dia 31 de dezembro para o dia 1º de janeiro, mas sim entre 22 e 23 de março (período em que se iniciava a primavera no Hemisfério Norte).
Origem das tradições de Ano Novo
Os primeiros costumes de Ano Novo aconteciam para celebrar a transição entre o inverno e a primavera, especificamente na antiga região da Mesopotâmia (Iraque, Kuwait, Síria e Turquia). A partir de 1582, o calendário gregoriano passou a ser adotado pela Igreja Católica e, com isso, a celebração mudou para a data que já estamos acostumados.
Os povos antigos, assim como a sociedade moderna, encaravam a passagem dos anos como uma maneira de promover esperança e fartura. E o termo Réveillon? Bem, ele é razoavelmente recente. Na França do século 17, a conotação dizia respeito às festas da nobreza que ocorriam durante toda a véspera de Ano Novo. Vale destacar que a palavra “Réveillon” faz referência ao verbo “Réveiller”, que quer dizer “despertar e reanimar”.
Sete ondas e roupas brancas no Ano Novo do Brasil
No Brasil, as tradições de Ano Novo (em condições normais que não fazem parte do contexto atual) geralmente são movidas por shows, apresentações e “festas da virada”. As praias, praças e casas são tomadas por uma folia que só termina no dia 1º de janeiro. Todos se abraçam e desejam coisas boas quando o relógio bate a marca de meia-noite. Na maioria das vezes, as pessoas fazem contagem regressiva segundos antes da virada de ano.
Os seguidores de Iemanjá, em todas as praias do país, costumam passar o Réveillon nos litorais. Eles fazem oferendas e pulam sete ondas em agradecimento ao que já aconteceu e ainda tomará forma. E qual é a origem dessas tradições de Ano Novo? Rainha do Mar, a Iemanjá é uma divindade nigeriana, do costume chamado de iorubá.
Todos os rituais ligados à deusa acabaram sendo incorporados e ressignificados pelo candomblé e umbanda no Brasil. O ato de pular sete ondas e realizar sete desejos, dessa maneira, faz parte do contexto de tradições à Iemanjá. Inclusive, “sete” é cabalístico para Umbanda por representar Exu, filho da Rainha do Mar.
A escolha do número também está associada às sete linhas da Umbanda, que corresponde ao conceito de organização dos espíritos com base em orixás específicos. Assim sendo, cada um dos pulos seria o desejo a uma entidade diferente.
Já o uso de roupas brancas se tornou comum a partir da década de 1970. Na época, os membros do candomblé faziam os seus rituais nas praias de Copacabana, despertando curiosidade e interesse daqueles que passavam pela região. Com o tempo, o costume acabou sendo adotado pela maioria dos brasileiros.